Palavras Dadas

25.16

Porquê este livro? Tenho uma dívida. Em Janeiro de 2000, foi-me oferecido um livro. Mesmo antes de o ler, já o título, Mulher das Cidades Futuras, me remetia directamente para palavras que viviam comigo, com a Teresa Santa Clara Gomes, com o Graal, há várias décadas: “Cantar/é empurrar o tempo ao encontro das cidades futuras/fique embora mais curta a nossa vida” (Carlos de Oliveira). Ao espírito cartesiano que há em mim acudiam formas sistemáticas de dar uma resposta que evitasse a incoerência, a fragmentação, a incompletude. Para além de pedaços do meu pensamento e da minha vida era preciso um englobante conceptual, que se revelasse como pensamento organizado com os seus fundamentos, as suas subdivisões, as suas temáticas, a sua conclusão bem delineada. Mas como transformar em acessório o que era o cerne do gesto que fora feito? Como fazer de um afecto uma tese? Havia também a solução da sociedade de informação que tanto me fascinava. Ainda que pelo espaço do tempo necessário para escrever duas páginas, não era certo que todas as pessoas que tinham escrito o livro tinham formado um grupo virtual? Então, era teoricamente possível responder a “um grupo”. Mas como transformar uma resposta, que eu desejava directa para com cada um, naquela forma sempre niveladora que dá pelo nome de “responder a todos” no correio electrónico? Quem responde afinal? Pedaços de autobiografia ficcionada? A mulher das cidades futuras percorre esse mundo como um estrado em que tem de afirmar a esperança, porque só assim a confiança no futuro se pode transmitir e permitir que todos os seres humanos vivam seguros. A mulher das cidades futuras cuida, mesmo “no deserto”, que “alguma flor persista” (Ana Luísa Amaral). O agir da mulher das cidades futuras é, ao mesmo tempo, uma esperança e uma responsabilidade. Que melhor lema podemos encontrar para a nossa consciência e a nossa prática de cidadania? (DO PREFÁCIO)

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Descrição

Porquê este livro? Tenho uma dívida. Em Janeiro de 2000, foi-me oferecido um livro. Mesmo antes de o ler, já o título, Mulher das Cidades Futuras, me remetia directamente para palavras que viviam comigo, com a Teresa Santa Clara Gomes, com o Graal, há várias décadas: “Cantar/é empurrar o tempo ao encontro das cidades futuras/fique embora mais curta a nossa vida” (Carlos de Oliveira). Ao espírito cartesiano que há em mim acudiam formas sistemáticas de dar uma resposta que evitasse a incoerência, a fragmentação, a incompletude. Para além de pedaços do meu pensamento e da minha vida era preciso um englobante conceptual, que se revelasse como pensamento organizado com os seus fundamentos, as suas subdivisões, as suas temáticas, a sua conclusão bem delineada. Mas como transformar em acessório o que era o cerne do gesto que fora feito? Como fazer de um afecto uma tese? Havia também a solução da sociedade de informação que tanto me fascinava. Ainda que pelo espaço do tempo necessário para escrever duas páginas, não era certo que todas as pessoas que tinham escrito o livro tinham formado um grupo virtual? Então, era teoricamente possível responder a “um grupo”. Mas como transformar uma resposta, que eu desejava directa para com cada um, naquela forma sempre niveladora que dá pelo nome de “responder a todos” no correio electrónico? Quem responde afinal? Pedaços de autobiografia ficcionada? A mulher das cidades futuras percorre esse mundo como um estrado em que tem de afirmar a esperança, porque só assim a confiança no futuro se pode transmitir e permitir que todos os seres humanos vivam seguros. A mulher das cidades futuras cuida, mesmo “no deserto”, que “alguma flor persista” (Ana Luísa Amaral). O agir da mulher das cidades futuras é, ao mesmo tempo, uma esperança e uma responsabilidade. Que melhor lema podemos encontrar para a nossa consciência e a nossa prática de cidadania? (DO PREFÁCIO)

Informação adicional

Peso 0.574 kg
ISBN 978-972-24-1385-6
Dimensões 17 × 24 cm
Número de Páginas 336
Encadernação capa mole
Faixa Etária Todas as idades